Contra factos não há argumentos
Ditado popular
A cereja no bolo é o tribunal não negar que tenham sido tomadas importantes decisões contra os interesses do BES, mas decidiu que não fui responsável por elas, apesar de serem da minha esfera de competência. Ao fazê-lo mostrou a sua incrível parcialidade. Pode ler-se no acórdão do tribunal que me condenou o seguinte:
“… no que concerne às decisões referidas pelo arguido Manuel Pinho de que não terão beneficiado o BES, não foi feita prova de que as mesmas tenham sido tomadas pelo arguido Manuel Pinho enquanto Ministro da Economia e da Inovação” (pág. 503).
Não terão beneficiado, ou não beneficiaram? Será que ouvir mais de 100 testemunhas é insuficiente para o tribunal deixar de formular uma opinião com esta importância na forma condicional? Não foi feita prova? Então, o que vale, por exemplo, o depoimentos de Carlos Monjardino e José Maria Ricciardi sobre a GALP? Se não foram tomadas por mim enquanto ministro, terão sido tomadas por mim em que condição? Cidadão, eventualmente adepto do BENFICA?
Decisões relativas à revogação da autorização para construir o empreendimento PORTUCALE, à pretensão do BES e seus parceiros de retornarem à GALP como accionistas e de proibir o arredondamento para o quarto superior das taxas cobradas pelos bancos foram responsabilidade de quem? Do Ministro da Educação ou da Justiça? E a decisão de apostar nas energias renováveis em detrimento do nuclear, em que o BES era parceiro do empresário MONTEIRO de BARROS é responsabilidade de quem? Do Ministro da Cultura?
Contra factos não há argumentos: o tribunal foi parcial ao não reconhecer que fui responsável por uma série de importantes decisões contra os interesses do BES, tendo no julgamento sido identificadas sete, e ao não ter em conta o depoimento de testemunhas que ele próprio considerou serem credíveis.